FORMANDO UM LIDER ALTRUÍSTA
Autor: Alfredo Cordella – professor da UNISANTA
1.- AMBIENTE DE TRABALHO SAUDÁVEL
1.1 O novo papel do líder
Novos modelos de Gestão Empresarial têm levado as lideranças a investirem na qualidade de vida em ambientes de trabalho. A busca da competitividade em produtos e serviços exige espaços mais acolhedores e saudáveis nas empresas, onde a criatividade possa fluir e contribuir na geração de inovação.
Mais criatividade amplia a produção inovativa e, desta forma, as vantagens competitivas garantem a sustentabilidade das organizações.
Neste contexto o líder tem um importante papel na manutenção de um ambiente de trabalho saudável.
1.2 Comunicação Saudável
Como suporte ao equilíbrio nos espaços de atuação profissional, muitas empresas têm investido no desenvolvimento de competências emocionais em seus líderes e colaboradores.
O desenvolvimento dessas “soft skills” (habilidades comportamentais) se tornou uma estratégia de sobrevivência, sobretudo para que o trabalho possa ocorrer em ambientes onde a comunicação seja fluída, transparente, sincera e principalmente calcada no altruísmo e na empatia: elementos essenciais para assegurar relações equilibradas entre líderes e colaboradores.
1.3 Importância das soft skills
É importante destacar que estas competências estão associadas à absorção do conhecimento realmente útil, um bom caminho no aprimoramento pessoal e um importante “motor” na formação de pessoas melhores e mais equilibradas.
Em síntese o mundo do trabalho precisa de pessoas criativas, com emoções positivas e disposição para trabalhar melhor em equipe, entendendo o outro em suas potencialidades, dificuldades e limites.
Daí a importância em se investir no desenvolvimento de líderes altruístas.
2.- EQUILÍBRIO COM O OUTRO
2.1 Relações com o outro
Por nossa herança biológica e sob a influência da cultura, considerada nossa herança social, já temos uma boa parte do outro ou de outros, dentro de nós. Estes agentes transformadores contribuirão na nossa formação e no nosso jeito peculiar de ser.
É importante que estejamos sempre atentos em que as pessoas trazem para as nossas vidas.
Povos de algumas comunidades africanas, no decorrer da história, inseriram esta preocupação como base de sua herança cultura.
A palavra ubuntu, presente nas línguas zulu e xhosa, destaca a importância do outro na vida de cada um e, em tese, significa: “eu sou o que sou por que eu tenho (ou tive) você”.
Em termos gerais, ubuntu engloba, na essência sentimentos de altruísmo, compaixão, compreensão, empatia, respeito, tolerância e principalmente harmonia e equilíbrio, portanto é prudente o convívio com pessoas boas e equilibradas.
2.2 A tríade luminosa
Psicólogos norte-americanos identificaram três características que se manifestam em pessoas consideradas boas, com comportamentos pró-sociais, em diversas culturas.
1º. Humanismo.
Com esta característica o indivíduo entende que cada pessoa é valiosa por direito próprio e que tem competências para contribuir com o outro ou com a coletividade. Este é, simplesmente, um dos motivos para tratá-la com a dignidade que merecem.
2º. Kantismo.
Há uma componente moral no kantismo quando se busca relacionamentos com o outro de maneira suficientemente autêntica. A satisfação na relação que se estabelece com o outro é pautada pela ética e, desta forma, o outro não é manipulado para atender interesses pessoais. (Obs.: o kantismo tem como base a filosofia moral de Immanuel Kant)
3º. Fé na humanidade.
Baseia-se na crença de que a bondade humana é um elemento real na existência das pessoas e por consequência é importante na construção um mundo cada vez melhor. Parte-se do princípio que todos – incluindo nós mesmos – têm algo de bom a oferecer na passagem por este mundo.
Estes elementos da tríade luminosa são essenciais na formação de um líder altruísta: (1) o humanismo no bom tratamento dos colaboradores, com foco nas metas de organização, (2) o kantismo se sobrepondo às ações maquiavélicas que dominem o outro e (3) a fé na humanidade assegurando a crença de que é possível construir ambientes de trabalho saudáveis e plenos de empatia e altruísmo.
2.3 Emoções Tóxicas
Na outra ponta, em outro extremo, está a tríade sombria que “infesta” a personalidade de alguns: verdadeiros propagadores de emoções tóxicas.
Em seu livro “Emoções tóxicas no trabalho” o professor canadense Peter Frost, já falecido, tenta mostrar como o comportamento pernicioso de certas pessoas, no ambiente de trabalho, pode afetar, de maneira severa, a saúde e o bem-estar do outro.
Frost associava um câncer maligno que contraiu no pescoço com elevados níveis de estresse que viveu no ambiente de trabalho e que comprometeu seu sistema imunológico, provocando posteriormente sua morte.
A tríade sombria, fonte de emoções destrutivas, é composta pelas seguintes características da personalidade: (1) narcisismo, (2) psicopatia e (3) maquiavelismo.
Juntas fazem manifestar traços socialmente indesejáveis e reduzidas competências socioemocionais, como a falta de altruísmo, baixos níveis de empatia, somadas com insensibilidade humanista e manipulação interpessoal.
É claro que o líder altruísta não apresenta estas características deletérias, mas precisa saber lidar com os colaboradores que chegam com esta tríade malévola.
CONCLUSÃO
A abordagem deste texto, que trata essencialmente da liderança altruísta, destaca o papel importante do líder cuidador, com foco no equilíbrio dos liderados e na promoção de ambientes de trabalho com elevados padrões de qualidade de vida e de bem-estar.
Todo líder tem como premissa amar o liderado e oferecer, no exercício profissional, espaços de convívio que preservem a saúde física, emocional, social e espiritual, esta última assegura significativos níveis de entusiasmo e motivações. O líder altruísta ou líder cuidador, em qualquer tempo e em qualquer lugar, deve, pela tríade luminosa, inspirar confiança, definir estratégias viáveis, promover o equilíbrio pessoal e interpessoal e ajudar a construir um mundo melhor.